segunda-feira, 20 de maio de 2013

CIRCULAR DO XIII ERA-NE (Avaliação)



CIRCULAR DO XIII ERA-NE (Avaliação)

Olá companheirada!

Viemos por meio desta circular informar sobre como funcionará a avaliação de nosso ERA. Que será por delegação e seguindo um roteiro base que nós da Comissão Organizadora preparamos para facilitar o processo e para que possamos realmente avaliar o que foi cumprindo e o que deixou de ser cumprido, assim como pensarmos e propormos soluções para melhorar os nossos próximos encontros. Lembrando que esse roteiro foi pensado em cima do que foi tirado no Seminário de Construção Coletiva realizado em novembro de 2012.
Pensamos nessa metodologia devido ao número reduzido de delegações que participaram da plenária final do encontro e também com a intenção de que o maior número de encontristas pudesse participar desse processo, contribuindo para que nosso próximo ERA possa ser melhor e mais qualificado do que foi o daqui do Crato. Assim como para que o próprio sujeito que foi pensado para esse encontro passa está avaliando ele para que saibamos se atingimos nossos objetivos ou não.
Dessa forma pedimos para a companheirada que veio ao encontro e que já milita nas executivas que faça o esforço de reunir não somente os militantes, mas também os sujeitos novos que participaram do encontro para avaliá-lo.
Damos o prazo do fim do mês de maio para que sejam feitas essa avaliações, pois depois disso teremos que sistematizar e produzir um material para divulgarmos de volta para todas e todos, assim como repassar para a próxima escola sede.
Por favor encaminhem as avaliações para o e-mail: feab.crato@gmail.com



Circular


 

sábado, 6 de abril de 2013

INFORMATIVO!


Atenção galera que tá vindo pro ERA-NE mais lindo!
Gostaríamos que vocês dessem uma olhadinha nessas informações que são muito importantes para a realização do nosso encontro. 
Contamos com a colaboração de todos! 




segunda-feira, 18 de março de 2013

Orientações e informes


E aê, Nordeste! E aê, Juventude!!
Falta pouco mais de um mês para o nosso XIII ERA - NE!
E como estão acontecendo as preparações para a vinda de vocês?

Cartilha Preparatória para o ERA que deverá ser utilizada nos Pré-ERA’s, com textos, dicas e informes gerais do evento se encontra disponível neste blog!
É MUITO IMPORTANTE UTILIZAR A CARTILHA E REALIZAR OS PRÉ-ERA’s, PARA QUE TODAS E TODOS PARTICIPANTES VENHAM PARA O EVENTO MINIMAMENTE SITUADOS NO QUE ACONTECERÁ!
O documento de Convocatória para o ERA também já se encontra disponível neste blog para ajudar na justificativa e nos pedidos de ônibus junto às universidades! 

Seguem abaixo algumas orientações e informes:

1 – CARTAZES E MATERIAIS PARA DIVULGAÇÃO
Tivemos um atraso em relação à impressão dos cartazes pela editora universitária. Já pedimos agilidade e prioridade em relação à impressão dos cartazes, então ainda neste mês de março as escolas e instituições estarão recebendo os cartazes através dos endereços que nos forneceram. E pedimos as escolas e organizações que ainda não mandaram os seus endereços, que nos passem o endereço da escola ou organização com o nome de alguma pessoa para referência.

2 – ALOJAMENTO (CAMPING) E ALIMENTAÇÃO  
Pedimos a todos e todas que participarão do XIII ERA que venham PREPARADOS PARA CAMPING! É importante que tragam barracas, colchonetes, cadeados para trancar as barracas, e demais equipamentos!
No local onde acontecerá o ERA ficarão poucas salas disponíveis para alojamento.
Pedimos também que tragam O KIT MILITANTE para as refeições: PRATO, TALHERES E COPO. A alimentação estará inclusa na inscrição de vocês!

3 – INSCRIÇÕES
Há alguns meses as inscrições estão abertas, e muitas pessoas já se inscreveram, mas precisam efetuar o pagamento!
Solicitamos que se puderem , ao fazer a inscrição, depositar em seguida o dinheiro e nos enviar o comprovante de depósito IDENTIFICADO, pois a Comissão precisa encaminhar algumas pendências para o ERA.
Atenção para o período de inscrições e seus respectivos valores:
Até o dia 20 de abril - R$ 50,00
21 a 30 de abril - R$ 60,00
Durante o evento - R$ 70,00

4 – BEBIDAS ALCOÓLICAS E UTILIZAÇÃO DE OUTRAS SUBSTÂNCIAS
Como solicitado pela direção do IFCE Campus Crato (onde ocorrerá o evento), será proibido venda e consumo de bebidas alcoólicas e de outras substâncias na área do IFCE no decorrer do XIII ERA.
Sendo esta uma condição colocada para o ERA poder acontecer no IFCE e ter o apoio da instituição, por isso pedimos a compreensão de todos/as participantes.

5 – AOS QUE VIRÃO
Pedimos às escolas que estão na articulação com o meio de transporte nas Universidades e demais instituições, colocar em pauta vagas para os Movimentos Sociais de seus estados, tendo em vista uma participação massiva da juventude da Universidade e de fora dela.
Na medida em que conseguirem transporte para vinda, pedimos que comuniquem à Comissão para termos uma base de quantas pessoas estarão conosco.
Outra coisa importante é a quilometragem para os ônibus, sendo aconselhável que vocês solicitem uma quantidade a mais para eventuais necessidades, como a ida para o Ato público do ERA, Vivências, etc.

TODOS ESSES PONTOS SÃO IMPORTANTÍSSIMOS A SEREM TRATADOS NOS PRÉ-ERA’s!

No mais, aguardamos todos nesse Crato amado para um ERA de muita animação, amor e luta!
Abraços agroecológicos,
Comissão Organizadora.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Jornada de Luta das Mulheres Camponesas é marcada por várias ações em todo Brasil


Desde o dia 4 de março, as mulheres camponesas realizam a Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina, quando acontece uma série de atividades em todo o Brasil que relembram o 8 de março.
 
Este ano, a jornada leva o lema “Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos”, e tem como objetivo cobrar a Reforma Agrária, o assentamento das mais de 150 mil famílias acampadas em todo o país e denunciar o modelo destrutivo do agronegócio.
 
Foram ocupadas terras, empresas de agrotóxicos, prédios públicos e realizadas marchas, atos públicos e trancamento de rodovias em diversos estados do Brasil, ao mobilizar até o momento mais de dez mil mulheres camponesas em todo o país.
 
As ações fazem enfrentamento contra o retrocesso das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a Reforma Agrária.



DF

Nesta quinta-feira (7), os cerca de mil Sem Terra que estão acampadas desde terça-feira no acampamento batizado de Hugo Chávez, em Brasília, ocuparam o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As camponesas cobram a priorização da Reforma Agrária enquanto política agrícola para o país e denunciam o modelo do agronegócio, que segundo elas, utiliza-se de trabalho escravo, enormes quantidades de agrotóxicos, expulsa o trabalhador do campo e não produz alimentos para o povo brasileiro.

Ontem pela manhã, as camponesas marcharam junto com outros 50 mil trabalhadores e trabalhadoras de seis centrais sindicais no Distrito Federal, em que uma das principais pautas unitárias é a realização da Reforma Agrária.

À tarde, as camponesas promoveram um ato na embaixada da Venezuela, em homenagem à memória do presidente Hugo Chávez e em solidariedade ao povo venezuelano.

TO

No município de Aliança (TO), cerca de 500 mulheres do MST ocuparam na manhã desta quinta-feira (7) a fazenda Aliança, de propriedade da ruralista Kátia Abreu (PSD-TO), para denunciar os passivos ambientais da área. A fazenda foi embargada em duas situações – 2011 e2012 – pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de Tocantins por desmatamento e derrubamento de árvores e demais formas de vegetação natural em área considerada de preservação permanente.

As mulheres também interditaram a rodovia Belém – Brasília.

PE

Nesta sexta-feira (8), cerca de 400 trabalhadoras rurais do MST e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a Usina Maravilha, no município de Condado. A Usina Maravilha, pertencente ao Grupo Andrade Queiroz, um dos maiores concentradores de terras do estado. Sem operar desde a década de 1990, a usina cedia terras à Cruangi (cerca de 19 mil hectares) que administrava as duas propriedades.

A usina faliu e não pagou seus funcionários e fornecedores. As dívidas somam aproximadamente R$ 35 milhões. A mobilização tem o objetivo de fazer com que todas as terras das usinas Maravilha e Cruangi sejam desapropriadas para fins de Reforma Agrária.

SP


No interior do estado de São Paulo, nesta quinta-feira, por volta de mil mulheres se mobilizaram para denunciar a paralisia da Reforma Agrária. Foram ocupadas duas fazendas (a Fazenda Nazareth, no município de Marabá Paulista e a Fazenda Martinópolis, ligada a Usina Nova União, em Ribeirão Preto) e as sedes da empresa de assistência técnica terceirizada IBS, nos municípios de Bauru e Iaras.

Na região de Itapeva, as camponesas realizaram uma manifestação contra o poder Judiciário e distribuição de alimentos produzidos nos assentamentos da região para a sociedade, no município de Itaporanga, e outras Sem Terra realizaram uma marcha pelo município de São José do Rio Preto, encerrando com ato político em frente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

MS

Na manhã desta sexta-feira, cerca de 600 mulheres da Via Campesina e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) trancaram a rodovia BR 264 no município de Nova Alvorada do Sul, em Mato Grosso do Sul,. As camponesas denunciam os milhares de hectares de monocultivo de cana na região e a grande quantidade de agrotóxicos utilizados pelas usinas, que contaminam o Aquífero Guarani.

SC

No município de Calmon, cerca de 300 mulheres do MST saíram em marcha nesta sexta-feira rumo à empresa Rigesa S/A, líder global em produção de embalagens, produtos para escritórios, químicos especiais e papel.

A empresa Rigesa subsidiária da MeadWestvaco (empresa Norte Americana, sucessora da Lumber, empresa responsável pela expulsão e assassinato de milhares de caboclos na Guerra do Contestado), está instalada no Brasil há quase 70 anos com filiais localizadas em Manaus, uma perto de Salvador e Fortaleza, uma em São Paulo e outra em Santa Catarina do sul.

RS

Na manhã desta sexta-feira, cerca de 500 mulheres do Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Levante ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Porto Alegre. A ocupação busca dar visibilidade a pauta geral do Movimento, reivindicando maior agilidade na aquisição de terras, marcação de lotes e fornecimento de água potável para as famílias assentadas.

Elas também realizaram um ato de denúncia em uma das obras da Copa em Porto Alegre, ao se somam às moradoras da região para denunciar a violação de direitos humanos e sociais, marcada pelos despejos e remoções forçados das famílias, trazendo diversas consequências à população.

Na quarta-feira (5), no município de Taquari (RS), 600 mulheres da Via Campesina ocuparam a empresa fabricante de agrotóxicos Milenia. A companhia faz parte do grupo israelense Makhteshim Agan, fabricante de agrotóxicos, sendo a maior unidade industrial localizada fora de Israel.

Outras 400 mulheres ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Conselho Municipal da Mulher e Escola Família Agrícola realizaram uma marcha no centro da cidade de Santa Cruz do Sul, tendo como tema de denúncia a violência praticada contra as mulheres e a alimentação produzida com agrotóxicos.

PB
Mais 500 mulheres Sem Terra ocuparam a estação de águas do Perímetro Irrigado das Várzeas de Sousa (Pivas), no sertão do estado da Paraíba, há 400 km da capital João Pessos, nesta sexta-feira (8).
O projeto de irrigação capta água dos açudes Coremas e Mãe d’água, distribuindo em mais de 4.390 hectares entre os municípios de Sousa e Aparecida. A ocupação por parte das mulheres é pra denunciar o avanço do agronegócio na região e o enorme uso de água para as plantações de monocultivo.
SE
Mulheres do MST junto com o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU) fazem uma marcha pela cidade de Aracaju, em Sergipe, nesta sexta-feira (8), no dia Internacional da Mulher para denunciar o agronegócio e pautar a Reforma Agrária e a Soberania dos povos

MG

Neste dia 7, as mulheres farão uma vigília em frente ao Tribunal de Justiça, na Av. Afonso Pena, a partir das 21h, em Belo Horizonte. O objetivo é exigir que seja marcada imediatamente a data do julgamento de Adriano Chafik, réu confesso, mandante e executor do Massacre de Felisburgo, episódio no qual cinco trabalhadores foram assassinados e outros 12 ficaram feridos, entre eles uma criança de 12 anos.

Desde o dia 6 de março, 300 mulheres do MST encontram-se acampadas em frente à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, realizando atividades formativas e manifestações que tem como principal objetivo debater a violência contra as mulheres do campo, denunciar os 36 despejos expedidos desde dezembro de 2012, e clamar por justiça para o Massacre de Felisburgo, que tem previsão para julgamento em abril.

MA

Em Imperatriz, cerca de 300 as mulheres organizadas pelo MST e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão (FETAEMA) ocuparam nesta quarta-feira a sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Mobilizadas desde terça-feira (5), as camponesas pressionam a realização de uma audiência para discutir a situação de terras da união ocupadas pelos trabalhadores.

BA

Na Bahia nesta terça-feira (5), mais de 400 mulheres do MST ocuparam a Fazenda Cultrosa, no município de Camamu, para denunciar a desigualdade social provocada pelos grandes latifúndios na região.

No município de Itaberaba, 1200 trabalhadoras e trabalhadores rurais, em sua maioria mulheres, ocuparam a sede regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para reivindicar a liberação imediata das cestas básicas que estão retidas no galpão da Companhia e exigirem a renegociação da dívida contraída por meio do Programa Compra Antecipada.

Já na segunda-feira, mais de 1.200 mulheres da Via Campesina ocuparam uma área da Veracel Celulose no município de Itabela (BA) e outras duzentas famílias ocuparam duas áreas da Suzano celulose no município de Teixeira de Freitas, para denunciar à sociedade a ofensiva do agronegócio e os impactos ambientais e sociais que essas empresas provocam na vida da população.

PA

Em Belém do Pará, começou nesta terça-feira o 2° Encontro das Mulheres do Campo e da Cidade, onde mais de 300 trabalhadoras participam do evento, que será realizado na Escola Estadual Augusto Meira até o dia 8 de março.

ES

No Espírito Santo, por volta de 300 trabalhadoras e trabalhadores rurais realizaram uma marcha pelas ruas município de Ponto Belo e seguiram em fileira até a cidade vizinho de Mucurici.

MT
Cerca de 150 camponesas do MST fizeram uma marcha pelas ruas de Cuiabá na segunda-feira. A marcha partiu da Igreja Sagrada Família, no bairro Carumbé, até o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), onde as camponesas acamparam.

Durante a semana, as mulheres Sem Terra farão marchas, protestos e outras atividades políticas e culturais na região.
 
Matéria original da página do MST: http://www.mst.org.br/content/ocupa%C3%A7%C3%B5es-de-terra-pr%C3%A9dios-p%C3%BAblicos-e-marchas-marcam-jornada-das-mulheres

terça-feira, 5 de março de 2013

Estudantes e agricultores partilham experiências no I Curso Regional de Formação em Agroecologia

Incentivar a formação prática, teórica, política, técnica e científica em Agroecologia, difundindo os conhecimentos produzidos e aproximando estudantes, agricultores e militantes das universidades e organizações populares do Nordeste foi o objetivo do 1° Curso Regional de Formação em Agroecologia (CRFA), realizado entre os dias 19 e 26 de fevereiro, no Centro de Formação Dom José Rodrigues do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), em Juazeiro (BA).


Organizado por entidades ligadas à luta pela terra no Brasil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab), Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (Abeef) e Entidade Nacional dos Estudantes de Biologia (Enebio), o 1º CRFA proporcionou aos participantes a discussão de variados temas. Das contradições do agronegócio ao protagonismo das mulheres na construção da Agroecologia; das tecnologias de convivência com o semiárido à produção de material de acúmulo para as universidades e organizações, contemplando vivências em comunidades agrícolas da região.
Joelton Belau, da coordenação nacional da Feab, criticou a formação acadêmica na área agrícola, que, segundo ele, se baseia na utilização de agrotóxicos e produção de monocultivos em grandes extensões territoriais, gerando impactos sociais, econômicos e ambientais. “O Curso é uma oportunidade de vivenciar um modelo de produção agrícola diferente do que vem sendo ensinado nas universidades de Agronomia”, ressaltou. Cleber Folgado, militante do MPA e integrante da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, destacou a importância de aprender coletivamente. “A partir das diversas vivências das pessoas que estão aqui, podemos consolidar a agroecologia como um instrumento histórico que o conjunto da sociedade precisa se apropriar para avançar na produção de alimentos saudáveis”. 
No espaço de troca de experiências agroecológicas, cursistas de todo o Nordeste conheceram os desafios enfrentados pela comunidade de Fundo de Pasto de Areia Grande, no município de Casa Nova (BA). Zacarias Rocha, da Articulação Regional de Fundo de Pasto, recordou o histórico de luta da comunidade para impedir que empresas do setor de agrocombustíveis grilassem o território tradicional. Para ele, a agroecologia é um jeito de viver que agrega às tradições populares a boa relação com as plantas, pessoas e animais.
Marilza Índia, do Instituto de Permacultura em Terras Secas (Ipeterras), sediado em Irecê (BA), concorda com Zacarias. Em sua apresentação das atividades desenvolvidas no Ipeterras, se destacaram a adoção de técnicas de manejo agroecológicas, como a utilização de caldas, estratos vegetais e composto orgânico, e o investimento no plantio de mudas nativas através dos Sistemas Agroflorestais (SAF's). “Intercambiar informações é um ponto chave, afinal, com a troca de experiências a gente reflete sobre as soluções aos desafios enfrentados por cada grupo”, ressalvou.

Um dos grupos que contribuíram na organização do evento foi o Grupo de Agroecologia Umbuzeiro (GAU), surgido em 2005 por iniciativa de estudantes do curso de Agronomia da Universidade do Estado da Bahia, em Juazeiro. Em oito anos de atuação, o GAU tem sido um exemplo de construção de ações articuladas para o bioma caatinga a partir dos intercâmbios com organizações da sociedade civil que promovem experiências exitosas de Agroecologia e educação contextualizada no semiárido brasileiro.

Agora, a expectativa é que o GAU contribua na implantação das unidades de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) em comunidades atingidas por barragens, tecendo as chamas do fogaréu da Agroecologia e revelando as potencialidades de um processo pedagógico pautado numa educação para a convivência com o semiárido. Parafraseando Eduardo Galeano, a ideia é alumiar a caatinga com tamanha intensidade que seja impossível olhar as práticas agroecológicas sem pestanejar. E quem chegar perto pega fogo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Semiárido: contradições e alternativas.

Entrevista especial com Valquíria Smith

“Boa parte da agricultura familiar e camponesa do Brasil vive na região do semiárido, por isso precisamos pensar políticas públicas adequadas de desenvolvimento dessas famílias”, diz a coordenadora executiva da ASA, em Minas Gerais. 

Confira a entrevista. 

“Há 12 ou 15 anos, o olhar que a sociedade brasileira tinha sobre o semiárido era o de um lugar de terra rachada, de seca, de pessoas morrendo e migrando para outros locais”, diz Valquíria Smith à IHU On-Line. Apesar de a região continuar marcada por “contradições”, foi possível reafirmar “um olhar de que o semiárido não é isso. O semiárido é uma região de inúmeras potencialidades, que tem uma agricultura familiar e camponesa forte, viva, que resiste e que aprende a conviver com a seca, que é um fenômeno da natureza”, assinala.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone, Valquíria reconhece que a convivência dos sertanejos com o semiárido está melhor, mas enfatiza que o acesso à água continua sendo um desafio. “Hoje, a política de acesso à água para as famílias do semiárido é pensada através de grandes projetos e transposições de água, mas pensamos que é necessário investir em tecnologias que possam ser difusas, simples e baratas, como as cisternas de captação de água da chuva”. E acrescenta: “Essa mudança pode parecer muito simples para quem não conhece a realidade do semiárido, mas é uma mudança vital e significativa na vida dessas pessoas que andavam em média quatro ou cinco quilômetros por dia para conseguirem água para beber”.

A seca atual, considerada a mais intensa dos últimos 30 anos, “mostra que muitas famílias estão passando diversas dificuldades não só por falta de água para o consumo humano, mas falta de água para a produção de alimentos”, informa. Para propor alternativas e garantir a convivência dos sertanejos com o semiárido, a ASA promove o VIII Encontro Nacional da Articulação no Semiárido – EnconASA, em Januária, a 169 quilômetros de Montes Claros, região norte Minas Gerais. Entre os dias 19 e 23, cerca de 600 pessoas, vindas de várias partes do Sertão e Agreste nordestino, discutirão alternativas para garantir a convivência no semiárido. Segundo Valquíria, o evento pretende “mais uma vez colocar em pauta esse debate e discutir políticas públicas adequadas para a região”. 

Valquíria Smith é coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas. 

Confira a entrevista. 

IHU On-Line – Em que contexto histórico surgiu a Articulação no Semiárido Brasileiro – ASA e qual sua proposta para o semiárido?


Valquíria Smith – A ASA surgiu em 1999, quando aconteceu uma conferência das Nações Unidas, que discutiu o combate da desertificação, pensando o semiárido brasileiro. Neste encontro estavam reunidos chefes de Estados, que pensaram políticas públicas para essa região. À época, a ASA organizou um encontro paralelo, com organizações da sociedade civil que já atuavam no semiárido, para propor ações de convivência com o semiárido. Lançamos, na ocasião, a declaração do semiárido, com as bases para debater a convivência com a região. Ali nasceu a proposta do programa Um Milhão de Cisternas, que pretendia acolher um milhão de famílias do semiárido brasileiro com cisternas de captação de água de chuva para o consumo humano. Entendíamos que qualquer ação para pensar um projeto de desenvolvimento para o semiárido brasileiro passava pelo acesso à água.

IHU On-Line – Qual a proposta do VIII EnconASA no que se refere à discussão acerca da convivência com o semiárido?

Valquíria Smith – Depois de doze anos de existência da ASA, que une atualmente mais de três mil organizações da sociedade civil, sindicatos, igrejas, ONGs, pretendemos retomar as discussões sobre a convivência com o semiárido brasileiro, as trajetórias de lutas e resistência para a superação da pobreza e a construção da cidadania. Nós queremos mais uma vez colocar em pauta esse debate e discutir políticas públicas adequadas para a região, tal como o debate da água, da terra, das sementes, da soberania e segurança alimentar, de uma assistência técnica adequada para a região, de acesso ao mercado, de economia solidária, financiamento, crédito, fundo solidário, direito das mulheres, educação, comunicação popular. 

IHU On-Line – Qual a atual situação do semiárido brasileiro? Dizem que essa é a maior seca dos últimos 30 anos.

Valquíria Smith – Boa parte da agricultura familiar e camponesa do Brasil vive na região do semiárido, por isso precisamos pensar políticas públicas adequadas de desenvolvimento dessas famílias. Entretanto, hoje nos deparamos com uma série de contradições, especialmente no campo. Ao mesmo tempo em que a ASA defende propostas de desenvolvimento sustentável, solidário, onde a água e a terra possam ser democratizadas, para que as famílias possam ter uma agricultura familiar diversificada, com bases na agroecologia, ainda nos deparamos com um modelo de desenvolvimento que se contrapõe a tudo isso. O agronegócio, o hidronegócio, a monocultura do eucalipto, a mineração, os grandes projetos de transposição das águas são contradições do semiárido que geram exclusão, concentração de água, de terras. O encontro da ASA irá abordar essas questões.

IHU On-Line – Como as populações do semiárido brasileiro convivem com a seca e com as demais características do semiárido? O que mudou ao longo desses 12 anos?

Valquíria Smith – Sem sombra de dúvidas, a ASA contribuiu para o debate sobre o acesso à água, inclusive para que a distribuição se tornasse uma política pública apoiada pelo governo federal, pelos governos estaduais e municipais. Isso foi significativamente importante para a mudança da qualidade de vida dessas famílias. 

Hoje, a política de acesso à água para as famílias do semiárido é pensada através de grandes projetos e transposições de água, mas pensamos que é necessário investir em tecnologias que possam ser difusas, simples e baratas, como as cisternas de captação de água da chuva. A construção de novas cisternas têm democratizado significativamente o acesso à água das famílias do semiárido brasileiro. Essa mudança pode parecer muito simples para quem não conhece a realidade do semiárido, mas é uma mudança vital e significativa na vida dessas pessoas que andavam em média quatro ou cinco quilômetros por dia para conseguirem água. No momento em que uma família tem água para o consumo humano e para produzir seus alimentos, reafirmamos que o semiárido é uma região com várias potencialidades e possíveis políticas públicas adotadas. 

A ASA também contribuiu no sentido de fazer com que a sociedade brasileira olhasse para o semiárido. Há 12 ou 15 anos, o olhar que a sociedade brasileira tinha sobre o semiárido era o de um lugar de terra rachada, de seca, de pessoas morrendo e migrando para outros locais. Reafirmamos um olhar de que o semiárido não é isso. O semiárido é uma região de inúmeras potencialidades, que tem uma agricultura familiar e camponesa forte, viva, que resiste e que aprende a conviver com a seca, que é um fenômeno da natureza. 

IHU On-Line – Como está o projeto Um milhão de cisternas? A má distribuição de água ainda é um agravante que atinge o semiárido?

Valquíria Smith – Com certeza. Essa seca mostra que muitas famílias estão passando diversas dificuldades não só por falta de água para o consumo humano, mas falta de água para a produção de alimentos. O programa Um Milhão de Cisternas se tornou uma política pública do governo federal, que reconhece existir uma demanda de construção de 1,2 milhões de cisternas de captação de água de chuva. Hoje, mais ou menos 700 famílias ainda precisam ser atendidas no semiárido brasileiro. Os projetos de acesso à água precisam continuar sendo uma prioridade da política pública brasileira. É preciso orçamento, previsão orçamentária para fortalecer todos os debates de acesso à água para as famílias do semiárido brasileiro.

IHU On-Line – A partir da universalização das cisternas de 16 mil litros de água para consumo humano, qual é o novo desafio da ASA e do governo brasileiro em relação ao semiárido?

Valquíria Smith – O acesso à água ainda tem desafios. Ao mesmo tempo em que o governo investe em políticas públicas de apoio a cisternas de captação de água da chuva, e tecnologias de armazenamento de água de chuva para a produção de alimentos, ainda nos deparamos com grandes barragens, com grandes obras, com tecnologias que não são adequadas para resolver o problema de acesso à água no semiárido brasileiro.

Também existe um grande desafio no que se refere ao acesso à terra. O semiárido brasileiro não é só uma região que concentra água, mas também uma região que concentra terra. O acesso à terra, seja via reforma agrária, seja pelo reconhecimento das comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas, ainda não foi resolvido, e ele é fundamental para melhorar a qualidade de vida e fortalecer a agricultura familiar e camponesa. Também são fundamentais políticas de soberania, de segurança alimentar, de distribuição de sementes.

IHU On-Line – Qual é a proposta da ASA para garantir a convivência com o semiárido a partir do uso de sementes crioulas? Essa proposta pretende diminuir o uso de agrotóxicos? Já tem algum projeto em andamento? 

Valquíria Smith – O uso de agrotóxicos no semiárido, assim como em outras regiões do Brasil, existe. Por isso alertamos as famílias que têm trabalhado com a ASA sobre a importância do desenvolvimento de um novo modelo baseado na agroecologia. Algumas famílias já adotaram o modelo de produção agroecológico, mas outras estão em transição, e muitas famílias precisam de formação para repensar o modelo de produção. 

Ao longo desses 12 anos, a ASA tem incentivado o uso de sementes crioulas e há experiências positivas na Paraíba, Alagoas, no Ceará. O uso de sementes crioulas favoreceu o intercâmbio e trocas entre as famílias.

IHU On-Line – Quais os limites das políticas de superação da pobreza e miséria no Brasil? Como vê os programas de distribuição de renda como o Bolsa Família?

Valquíria Smith – Esse é um tema que podemos discutir com o governo. Entendemos que esses programas também são uma forma de distribuir renda no Brasil. Não podemos negar isso. Esses programas causaram um impacto positivo nas famílias do semiárido. Obviamente, podemos criticá-los por não serem a melhor forma de distribuição de renda, mas não podemos parar por aí. Tais programas não irão por si resolver os problemas estruturais que essas famílias enfrentam. Por isso discutimos ações estruturantes de mudança de qualidade de vida, que perpassam pelo debate sobre a terra, a água, a educação, a alimentação, a soberania de segurança alimentar, o acesso a mercados, financiamentos, créditos, diversos conjuntos de ações que de fato possam melhorar a qualidade de vida dessas famílias e fazer com que se supere a pobreza e se construa a cidadania.